A fascinante coleção de caixas de fósforos 

Num mundo cada vez mais digital, é curioso coleccionar pequenos objetos que são autênticos tesouros do passado. Uma dessas preciosidades são as caixas de fósforos. Neste artigo vamos mergulhar no mundo destas caixinhas de papel, perceber a sua origem, variedade e o prazer de preservar em cada objeto um pedaço de história.

História das caixas de fósforos

A primeira fábrica de fósforos surge em Portugal no final do século XIX. A indústria fosforeira teve grande relevância a nível económico e social, promoveu a economia nacional e deu emprego a uma quantidade significativa de pessoas. Era uma profissão pouco segura, havia muitos incêndios e a inalação de produtos químicos provenientes do fabrico dos fósforos causava graves doenças.

Era comum os fósforos se auto-inflamarem e por uma questão de segurança os elementos químicos foram separados. Os palitos de fósforo deixaram assim de conter o elemento químico fósforo e este foi colocado na faixa abrasiva no exterior da embalagem. A embalagem servia não só para para acondicionar os fósforos mas também para ter a identificação do fabricante.

Durante cerca de três décadas coube à Companhia Portuguesa de Fósforos o monopólio da produção de fósforos. Mais tarde sucederam-lhe a Sociedade Nacional de Fósforos, a Fosforeira Portuguesa, a Continental e a Lusitana. Com o uso cada vez mais vulgarizado do isqueiro está indústria acabou por decair e nem as multas aplicadas a quem usa-se isqueiro sem ter a respectiva licença salvou o sector.

Variedade e temas

Há caixas de fósforos de todas as formas e feitios embora as mais convencionais sejam rectangulares. Os fósforos grandes normalmente seriam usados para atear o fogo sem queimar as mãos. Os pequenos terão sido mais usados pelos fumadores por serem mais facilmente transportáveis nos bolsos. Haveria ainda caixas com uma pequena vela no interior que seriam usadas para iluminar as escadas nos prédios num tempo ainda sem electricidade.

Mas uma das características mais interessantes das coleções de carteiras de fósforos é a imensa variedade de temas que podem ser encontrados. Desde publicidade a serviços ou produtos até ilustrações artísticas, cada carteira conta a sua própria história. Os colecionadores podem especializar-se em temas específicos e fazer colecções temáticas, como turismo, desporto, eventos históricos, animais, carros, personalidades, entre outros. A diversidade é ilimitada, proporcionando um universo rico para os entusiastas explorarem.


O valor histórico e cultural

Além do prazer estético e colecionável, as carteiras de fósforos possuem um valor histórico e cultural significativo. Refletem a evolução dos estilos gráficos de diferentes épocas, das técnicas de impressão e das mudanças sociais e políticas que ocorreram ao longo dos tempos. Muitas carteiras contêm informações valiosas sobre marcas, eventos ou locais específicos, fornecendo um arquivo autêntico do passado. Ao colecionar essas pequenas peças de papel, estamos a preservar fragmentos da história para as gerações futuras.


O prazer da colecção

Coleccionar carteiras de fósforos é um hobby a que se dá o nome de filumenismo e que oferece uma série de prazeres. Primeiro há a emoção da procura e da descoberta. Numa feira, antiquário ou na internet podem-se encontrar verdadeiras raridades. Depois, em cada caixa adquirida há uma nova história e tornamos-nos verdadeiros detetives a desvendar os segredos que esses pequenos objetos guardam.

Preservação e exibição

Para preservar adequadamente uma coleção de carteiras de fósforos é importante mantê-las num ambiente seguro, seco e protegido da luz solar direta. Devem ser manuseadas com cuidado, evitando danos às delicadas ilustrações. Exibir a colecção é uma maneira de compartilharmos a nossa paixão com os outros. Criar um espaço expositivo com algumas peças gráficas protegidas por molduras com vitrine é uma boa forma de o fazer.

A coleção de carteiras de fósforos é um mergulho no passado, uma forma de apreciar a beleza efêmera do papel e preservar a história de uma época. Com a sua variedade temática, valor histórico e prazer coleccionável, estes pequenos objetos merecem ser descobertos, admirados e partilhados.

Museu dos Fósforos

Os mais curiosos poderão visitar o Museu dos Fósforos em Tomar que conta com uma das mais maiores colecções de caixas, etiquetas e carteiras de fósforos de Portugal, doadas pelo coleccionador Aquiles da Mota Lima ao Município de Tomar.

Horário
Abril a Setembro: terça a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Outubro a Março: terça a domingo, das 10h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00. Encerrado a 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. 
Contacto: Tel. +351 249 329 823.
Morada: Avenida General Bernardo Faria, 2300-535 Tomar 

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